terça-feira

Crônica - Carta aos Sonhos

Ei, sonhos, onde vocês foram parar, hein? Sumiram de vez. Mas de fato, o que foi que houve? Esconderam-se de mim, quiseram me abandonar, é isto? Abandonar logo a mim, que sempre fui uma sonhadora nata, que se recusa aos limites do que é concreto? Bem certo, talvez eu estivesse precisando de um choque de realidade pra poder sair desse mundo fantasioso criado por mim, só acho que nada justifica tal fato. Ei, sonhos, meus queridos sonhos… vocês sabem bem o quão menina sonhadora que sou, e o quanto gosto de ser assim. Agora deem-me um motivo pelo qual continuar a viver porque, até onde sei, uma pessoa que não sonha é uma pessoa de alma morta. “Mas que drama mexicano!” - imagino-os pensando. Mas é realmente o que me acontece. Sabe, estou até tomando um café pra ver se acabo com o frio aqui de dentro. Tenho que dizer que, infelizmente, a coisa agora começa a ficar um pouco séria. Desculpem-me pelo desabafo, mas é que já não tenho mais pelo que lutar, estou cansada desse nada.

Já ouviram falar naquela expressão “saco vazio não para em pé”? é exatamente o que está acontecendo comigo, estou vazia e meus pés parecem já não ser mais suficientes para me firmar ao chão. Eu acho que vou desabar! Voar? Nem pensar! Esqueceram que vocês, sonhos, é quem me dão asas? Se ainda asas eu tivesse, ah, mas que belo seria… voaria, sem pensar, à qualquer lugar que fosse, só para trazê-los de volta pra mim.

Que ato brutal aconteceu com vocês? Será que a culpa também é minha? Foi eu quem os permitiu enterrarem-se nessa areia movediça de mim mesma? Deveriam ter gritado por uma mão de socorro. Não era minha intenção deixá-los escapar por dentre os grãos, apenas deixei a passagem aberta - vocês sabem, eu não sou de prender ninguém.

Sabem de uma coisa? Fazem mesmo uma falta danada em mim. E que falta! Agora anda faltando luz, faltando cor, faltando verso, faltando poesia, faltando inspiração… o pior de tudo é que andam me faltando uns motivos de verdade pra viver e umas boas causas pra lutar. Desapareceu o foco. Me sinto agora como um ser vagante esperando pelo…. esperando pelo nada. Acho que o nada foi a única coisa que me restou.

O mundo anda preto-e-branco e o frio, predominante por aqui dentro. Veja só, que coisa! Foi só falar no frio e meu café acaba por esfriar! Acho melhor encerrar por aqui, não é só por essa razão… é que também não quero que se lamentem por minhas dores e faltas; só quero é que voltem logo, pois não acredito que fui tão péssima assim. Espero, do fundo do meu peito, que ainda saibam o caminho de volta pra casa.

Espero-os chegar o mais de pressa possível. Não esqueçam-se de mim, queridos! A porta sempre estará aberta.

Com amor!

Isabella Carvalho

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